
Ambiente Otimizado para a Aprendizagem
Compreender a maneira como o cérebro da sua criança funciona é crucial para poder oferecer a ela uma ambiente otimizado para a aprendizagem. Abaixo apresentamos um breve resumo de alguns dos estudos sobre o cérebro de crianças com autismo. No final da página, encontram-se sugestões práticas para se implementar este conhecimento através da criação de um ambiente de aprendizado otimizado em casa.
O autismo é referido como uma desordem de espectro devido à grande variedade de sintomas presentes em pessoas com o diagnóstico. Pesquisadores, utilizando tecnologias que possibilitam o estudo da estrutura cerebral, também afirmam que os cérebros de pessoas com o diagnóstico de autismo variam vastamente de um para o outro. Por consequência, alguns cientistas têm sugerido que devemos estudar não apenas a estrutura do cérebro, mas também o mecanismo em que neurônios (células cerebrais) individuais se conectam e comunicam para que encontremos o problema de conexão neural que afete todas as pessoas com autismo. Pesquisadores têm encontrado evidências de que a maneira com que alguns neurônios são conectados no cérebro de pessoas com autismo pode levar a uma correlação baixa entre sinal e ruído.

Crianças com autismo estão absorvendo uma quantidade enorme de informação a todo momento; isto significa que em algum ponto elas terão que escolher entre reter ou descartar essas informações. Estudos demonstram que, em comparação com pessoas neurotípicas, as pessoas com autismo tendem a retardar este processo de “escolha”. Uma analogia para este processo seria como andar pelos corredores de um supermercado e colocar em seu carrinho uma unidade de cada item a venda para apenas depois, na chegada ao caixa, descartar o que você não quer comprar. Isto causa uma demora no processamento de estímulos. Estudos com tecnologias que permitem ver quais partes do cérebro estão sendo utilizadas durante uma tarefa confirmam que este é o fenômeno acontecendo dentro do cérebro de pessoas com autismo. Há mais atividade nas regiões do cérebro designadas para o processamento de baixa ordem (como o andar pelos corredores do supermercado) do que em regiões cerebrais especializadas para o processamento de alta ordem (passar pelo caixa e levar para casa os itens que constavam na sua lista de compras).
Talvez isto explique por que as crianças com autismo frequentemente apresentam dificuldades em áreas de processamento de alta ordem (ex: atenção, organização, linguagem, etc.). Elas passariam tanto tempo tentando lidar com a recepção de informação sensorial (baixa ordem) que acabariam não tendo tempo para praticar o processamento de alta ordem que outras crianças da mesma idade praticam. Desta forma, o cérebro da criança com autismo começaria a se desenvolver de forma diferenciada em relação ao cérebro de seu irmão com desenvolvimento típico. Há sinais de que este estilo de processamento da informação já se encontre presente na época do nascimento da criança, mesmo que os comportamentos autísticos não sejam identificados até os cerca de 18 a 24 meses de idade.

Pesquisas envolvendo pessoas com autismo, desde estudos sobre como as células cerebrais conectam-se até estudos sobre como as pessoas atuam em testes psicológicos, nos oferecem a imagem de um mundo fragmentado, sobrecarregado e tomado por “barulho” para aqueles com autismo. Esta noção é confirmada por relatos autobiográficos de pessoas com autismo. A compreensão do mundo fragmentado e sobrecarregado de uma criança com autismo nos leva a ver a importância que tem o ambiente ao seu redor na elaboração dos programas educacionais e nos tratamentos que a ela são oferecidos. Também explica a razão das crianças com autismo procurarem ordem e previsibilidade em seus ambientes físicos.
Ambientes físicos com grandes quantidades de estimulação sensorial (ex: painéis com cores fortes, barulho de fundo, etc.) aumentaram o “barulho” num sistema sensorial já sobrecarregado, tornando extremamente difícil qualquer nova aprendizagem – como tentar aprender japonês dentro de um barulhento shopping center. Devido à presença de outras crianças e do tamanho do espaço físico necessário para abrigá-las, a sala de aula convencional é altamente limitada em termos de poder atender às necessidades das crianças com autismo. Até a iluminação por meio de lâmpadas fluorescentes, tão comum em salas de aula, tem sido apontada em estudos científicos como sendo um fator que afeta o comportamento de crianças com autismo. Infelizmente, estas considerações relativas ao ambiente da criança são geralmente desprezadas e têm sua importância desvalorizada quando programas educacionais são oferecidos para crianças com autismo, ou ficam além dos limites físicos e materiais das escolas convencionais.

O primeiro passo para se construir um programa de tratamento para sua criança é providenciar a ela um ambiente apropriado para a sua aprendizagem. Isto geralmente significa SIMPLIFICAR! Aqui estão sugestões do que fazer:
- Dedique um quarto em sua casa para a criança com autismo. Pode ser o dormitório de sua criança ou um outro quarto (não muito grande, 4 X 4m é suficiente, e menor também é OK dependendo da idade da sua criança). O quarto pode até ser dedicado à criança com autismo apenas durante parte do dia (por exemplo, quando a criança compartilha um dormitório com um irmão ou irmã). Faça o melhor possível dentro da situação em que você se encontra.
- Remova todos os brinquedos eletrônicos do quarto escolhido. Isto inclui televisões, video-games e qualquer coisa movida a pilha (até livros falados ou cantados e objetos que acendem luzes). Estes objetos podem ser hiper-estimulantes para a criança com autismo e não encorajam a interação social.
- Crie espaço. O ideal é ter espaço aberto no quarto, como um chão livre de objetos para você brincar com sua criança. Tenha o mínimo possível de móveis neste quarto. Além disso, minimize a quantidade de brinquedos no quarto e, se possível, coloque todos eles numa prateleira ou armário.
Estes são os primeiros passos recomendados por nós para a criação de um quarto de trabalho (ou quarto de brincar/de interagir) em casa ou até em uma escola ou uma clínica. As simples medidas descritas aqui ajudarão a acalmar o sistema nervoso hiperativo de sua criança ao oferecer a ela um mundo digerível e administrável, criando-se então a fundação para oportunidades otimizadas de interações e subsequentes aprendizagens.
(As informações apresentadas nesta página fazem parte do artigo “Research Supporting The Son-Rise Program”, escrito por Kat Houghton e publicado no site do The Autism Treatment Center of America em www.autismtreatmentcenter.org)
Fonte: www.indianopolis.com.b
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